quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Gramaticando a vida - Raphael Lott
Não tenho o dom de ser perfeito
Não fui no pretérito, não sou no presente
Que dirá no futuro
Afinal de contas quem é
Num mundo tão desigual
Quem consegue ser normal
Viver em alto astral
Com as notícias de jornal
Num cotidiano desumano
Trânsito, brigas, violência, preconceito.
Corrupção, decepções, desrespeito.
Até os mais normais se tornam insanos
É melhor seguir cantando, vivendo, sorrindo
Para não acabar dançando, na pior das concepções
Pois na melhor delas, dançar é necessário
Alivia as tensões nos faz esquecer as tribulações
Pra que querer ser perfeito num mundo tão imperfeito
Seja sujeito dos seus sonhos, objeto direto de seus desejos
Não fique a mercê de predicados isso é subjetivo
Procure ser substantivo, de preferência no superlativo
Busque elos, seja um verbo de ligação
Quanto as conjunções
Essas certamente
Serão adverbiais
Causais, comparativas ,
Concessivas, condicionais e outras tantas mais
Podem ser também subordinadas substantivas, objetivas
Diretas e indiretas
Por vezes adjetivas
Explicativas e restritivas
Não se desespere, toque o barco adiante
Pois a vida é uma partícula apassivadora
De sujeitos, simples, ocultos, compostos
E até indeterminados
Não obstante, substantivamente, adjetivamente,
Adverbialmente a vida é um livro que você mesmo escreve
Seja sujeito de sua história e solte o verbo, ponha vírgulas, reticências
Pois, um dia, o último capitulo chegará
E inevitavelmente existirá um ponto do qual você não escapará.
Exclamação, interrogação? Não, esses na história ficarão.
Para dar lugar ao ponto derradeiro
O tão famoso ponto final.
© Todos os direitos reservados

Nenhum comentário:

Postar um comentário